Evolucionismo x Criacionismo
( Fundamentalista )
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O que é Criacionismo ?
Esta
teoria nos lembra da ancestral polêmica gerada pela discussão entre
Ciência, Filosofia e Religião, sobre as origens do Universo e da
própria Humanidade. Ela procura dar sua versão sobre esta questão, do
ponto de vista religioso. Assim, ela sustenta que
todos os seres vivos existentes foram criados por um ou mais entes
inteligentes. Esta é a hipótese de maior recepção em todo o
planeta, elaborada em oposição à teoria evolucionista, fruto de pesquisas científicas.
Não há, porém, uma única teoria criacionista, mas várias, conforme
a religião e o livro sagrado que se adota. Segundo a
mitologia grega, o homem seria produto dos trabalhos de Epimeteu, que
teria gerado o Homem repleto de imperfeições, sem vitalidade, a partir de
um modelo de barro. Compassivo, seu irmão
Prometeu, com o sacrifício próprio, roubou o fogo dos deuses para trazer à
Humanidade a vida tão desejada.
Adão e Eva
O Cristianismo tem
sua própria teoria explicativa, narrada na Bíblia, seu livro sagrado.
Segundo esta religião, o homem foi criado por Deus, logo após a gênese dos céus
e da terra. Aqui também a Humanidade foi modelada no barro, mas nesta versão
ela ganha a vida através do sopro divino, exalado em suas narinas. De acordo com as crenças abordadas, variam as argumentações, mas muitas
delas apresentam várias semelhanças. O Gênesis, primeiro livro do Antigo
Testamento, por exemplo, narra a origem do mundo e do Homem com metáforas e
símbolos muito parecidos com os das narrativas mesopotâmicas.
Adão e Eva foram expulsos do paraíso
Apesar do Criacionismo ser uma teoria essencialmente religiosa,
recentemente ela tem adquirido contornos mais filosóficos, com discussões sobre
a independência da matéria imortal, a série de emanações do Ser Divino e a
criação.
As
explicações sobre a existência humana se iniciam com os mitos, que procuram
justificar, através da imaginação, a vida, a história humana, tudo que ocorre á
nossa volta e não podemos compreender. Pesquisadores
do século XIX acreditavam que a crença em uma entidade divina superior, que
criou tudo que existe, era uma conquista do homem em uma fase cultural mais
elevada, mas recentemente descobriu-se que povos africanos primitivos, bem como
das ilhas do norte do Japão, América, Austrália central e em várias outras
partes do mundo, já cultivavam essa mesma fé.
Desconhece-se
a natureza dessa entidade, mas geralmente algumas religiões adotam uma visão
antropomórfica deste ser – imaginam o Criador à imagem e semelhança do Homem,
não só fisicamente, mas também emocionalmente. Geralmente,
porém, esta criação se dá através da voz ou do pensamento deste ente. As
narrativas, embora diferentes de uma cultura para outra, apresentam sempre
traços em comum.
As
ideias criacionistas, de modo geral, estendem a interferência divina além do
ato criador. Deus, segundo a filosofia judaico-cristã, intervém diretamente
no plano da matéria, uma vez que provoca, por exemplo, o dilúvio,
assim como inspira Noé a construir sua arca e a conduzir nela diversos pares de
animais, que povoarão posteriormente o mundo novo.
A arca de Nóe
Atualmente
o Criacionismo está mais conectado à crença
do protestantismo norte-americano. Neste
país, vários esforços têm sido realizados para introduzir nas aulas de Ciências
a teoria criacionista, embora suas referências explícitas ainda sejam
inconstitucionais. Seus adeptos tentam sutilmente revestir essas
teses sob o título de “análise crítica da evolução”, para burlar a Constituição. Outras religiões aceitam algumas ideias de
cunho mais científico, como os seis dias relativos à duração do ato criador, interpretados
como seis eras geológicas, enquanto os considerados fundamentalistas abominam
essa concepção.
NA IDADE MÉDIA A TERRA ERA PLANTA
A ideia de Terra
plana foi bastante comum na Grécia antiga e persistiu até o período clássico
(Idade do Bronze, Idade do Ferro do Oriente Médio e período helenístico).
Também foi comum
na Índia (primeiros séculos d.c) e na China até pouco tempo, no século 17. Há
descrições da mesma ideia em culturas indígenas americanas com uma cúpula do
firmamento cobrindo a Terra nas sociedades pré-científicas.
O pensamento grego
influenciou muito, e enormemente a forma de pensar do Ocidente em praticamente
todas as áreas do conhecimento: política, ética, ciência, lógica, filosofia,
arte e muito mais, incluindo aí a toda poderosa religião Cristã.
A ideia de Terra
Plana na Idade Média ocorreu sim, ao contrário do que afirma textos
criacionistas. Embora ela não tenha sido unanimidade, ela foi defendida por
nomes importantes do cristianismo. Por exemplo, muitas das referências de
Agostinho (354d.C – 430d.C) para o universo físico implicam na crença de uma
Terra Plana, inclusive se referindo a parte inferior do universo. Em uma de
suas falas, Agostinho defendia:
“And, indeed, it is not affirmed that this has been learned by historical knowledge, but by scientific conjecture, on the ground that the earth is suspended within the concavity of the sky, and that it has as much room on the one side of it as on the other: hence they say that the part that is beneath must also be inhabited. But they do not remark that, although IT BE SUPPOSED OR SCIENTIFICALLY DEMONSTRATED THAT THE WORLD IS OF A ROUND AND SPHERICAL FORM, yet it does not follow that the OTHER SIDE OF THE EARTH IS BARE OF WATER; nor even, though it be bare, does it immediately follow that it is peopled”
Diodoro de Tarso
(394 d.c) defendia a ideia de que a Terra fosse plana com base nas escrituras
sagradas. Diodoro foi um bispo cristão, reformador do monasticismo e teólogo.
Um forte aliado da ortodoxia no Primeiro Concílio de Niceia. Ele teve um papel
central no Primeiro Concílio de Constantinopla. Fundou um dos mais influentes
centros do pensamento cristão da igreja antiga. Sua posição quanto a Terra
Plana foi uma retórica a Fócio.
Alegar que a ideia
de Terra Plana é uma criação exclusivamente feita por anti-religiosos ou
biólogos evolucionistas para “queimar o filme” da igreja é falaciosa. Isso
porque até hoje existe uma sociedade que defende esta ideia. A Flat Earth
Society, ou Sociedade da Terra Plana é assumidamente criacionista e segue um
posicionamento literal absoluto quanto o que esta escrito em Gêneses. A
alegação deles é de que as fotos tiradas por satélite são manipuladas para
disfarçar a Terra Plana. Sim, segundo eles o mundo conspira contra o
criacionismo.
Você
pode se aliar a turma nos links: Terra em formato de pizza, ou
na versão do povo do Alaska.
Os hebreus, usaram muitos textos sagrados, que hoje fazem parte da Bíblia, e metáforas que levaram e ainda levam estudiosos a crer que a Terra fosse plana, ou que ela tem 6 mil anos, ou que tudo foi criado em seis únicos dias.
Uma das
interpretações que leva as pessoas a acredita que a Terra é plana é a citação
bíblica dos “quatro cantos da Terra”, embora também haja passagens que são
usadas para provar o contrário.
Na idade média, alguns membros da Igreja católica publicaram trabalhos que defendiam a ideia de uma Terra plana. Um deles foi o monge Cosmas Indicopleustes, que trocou o comércio pelo hábito, escreveu no ano de 547 o livro chamado “Topografia Cristã” no qual expunha sua visão geográfica do mundo baseada em interpretações literais da Bíblia. Ele desdenhava a opinião de Ptolomeu e outros que acreditavam que a Terra era esférica.
Cosmas buscava
provar que os geógrafos pré-cristãos estavam errados ao afirmar que a Terra era
esférica afirmando ao invés disso que ela fora modelada no tabernáculo, o
templo descrito a Moisés por Deus durante o Êxodo do Egito. Apesar de na mesma
época já existir diversas evidências e cálculos matemáticos demonstrando uma
terra esférica. Ele defendia que a Terra era plana e coberta por uma cúpula, o
firmamento citado na Bíblia.
O que não faz
sentido é a interpretação literal de Gêneses que se da até os dias de hoje. A
citação do firmamento cobrindo a Terra não é interpretada de forma literal,
dada á bizarrice que seria acreditar nisso nos dias de hoje, mas a
interpretação literal de 6 dias de criação e uma Terra de 6 mil anos é mantida,
ainda que haja evidências tão fortes quanto uma Terra esférica.
Isso nos faz
pensar que a interpretação literal de Gêneses não segue um critério bem
definido e é meramente seletiva por parte de pastores, e especialmente no
criacionismo e defensores do Designer inteligente.
Aristóteles dizia
que não é tradição que é nociva, mas sim o comodismo. Razão pela qual se
justifica que a alegação de que a Terra é plana não é uma manobra conspiracionista
de darwinistas ateístas, mas sim a exposição de um pensamento (ainda que não
generalizado) que foi relativamente comum na idade média.
Não deve demorar
muito tempo para dizer que o “Geocentrismo” foi uma criação darwinista, ou que
a ideia da Cúpula de Cosmas, ou a Terra Jovem de Jame Ussher foi uma invenção
ateísta e todo tipo de conspiracionismo que supostamente faz de vítima os
cristãos da idade média.
A ideia de Terra Plana não era absoluta na Idade Média, mas muitos líderes religiosos importantes a defendiam, e com uma justificativa teológica, bíblica, literalista, declarada e claramente absurda!
Outro defensor da
Terra Plana foi o padre Lactâncio (265-345.d.c) conselheiro do imperador
cristão Constantino I. Seus argumentos eram igualmente baseados em
interpretações literais de metáforas bíblicas. Theodoro de Mopsuestia (350-430)
também era defensor da Terra Plana e estudou na escola de Diodoro. Era
considerado um ortodoxo e muitas de suas citações bíblicas foram posteriormente
consideradas heréticas.
Severiano, Bispo
de Gabala (408 d.C), escreveu que a Terra era Plana e o Sol não passa debaixo
dela de noite, mas percorre pela parte de trás do norte. Ele pertencia à Escola
de Antioquia de exegese e suas interpretações eram completamente literais e
defendia a canonização dessas ideias.
- Victor
Rossetti
Palavras
chave: NetNature, Rossetti, Criacionismo, Terra Plana,
Idade Média, Agostinho, Cosmas Indicopleustes, Lactêncio, Gabala.
.
Referências
*
J. L. E. Dreyer, A History of Planetary Systems from Thales to Kepler. (1906);
unabridged republication as A History of Astronomy from Thales to Kepler (New
York: Dover Publications, 1953).
*
Leo Ferrari, Cosmography, in Augustine through the Ages: An Encyclopedia,
William B. Eerdmans Publishing Co., Grand Rapids MI, 1999, p.246
*
Leo Ferrari, Augustine’s Cosmography, Augustinian Studies, 27:2 (1996),
129-177.
*
O mito da Terra plana. por Widson Porto Reis , em 30/03/03
*
Russell, Jeffrey B.. The Myth of the Flat Earth American Scientific
Affiliation. Página visitada em 06/05/2011
*
Dreyer, J.L.E.. A History of Planetary Systems (em inglês). [S.l.: s.n.], 1906.
p. 211-2.
*
O papel de Lactâncio é examinado em detalhes em Elizabeth DePalma Digeser. The
Making of a Christian Empire: Lactantius and Rome (em inglês). [S.l.: s.n.],
2000.
Galileu:
Da Ciência à Santa Inquisição
15/02/1564, Pisa (Itália)
08/01/1642, Arcetri (Itália)
O grande físico e astrônomo italiano, Galileu Galilei, nasceu na cidade de Pisa em 15 de fevereiro de 1564, filho de Vicenzo Galilei e Julia Ammanati di Pescia.
Seu pai, embora pertencente da nobreza, era pobre, mas de cultura respeitada e com um espírito contestador das ideias vigentes; desejava uma sólida posição para seu filho que, aos 17 anos, foi encaminhado para o estudo de medicina, por ser uma profissão lucrativa. Porém, a carreira médica não foi muito atraente para Galileu e seu espírito irrequieto fez com que se interessasse por outros tipos de problemas.
Galileu ainda cursava o segundo ano do curso de medicina – que jamais concluiu, por achar desinteressante – quando descobriu sua vocação para a matemática e as ciências naturais. Conta-se que, certa vez, observando despreocupadamente as oscilações de um lustre da catedral de Pisa, Galileu interessou-se em medir o tempo de cada oscilação, comparando-o com o número de batidas de seu próprio pulso.
Surpreso, verificou que, embora as oscilações se tornassem cada vez menores, o tempo de cada oscilação permanecia sempre o mesmo. Repetindo a experiência em sua casa, utilizando um pêndulo feito com uma pedra amarrada a um fio, este resultado foi confirmado, verificando que o tempo de uma oscilação dependia do comprimento do fio. Com essa descoberta ele inventou o pulsillogium, uma espécie de relógio utilizado para medir a pulsação. Esta seria sua última contribuição para a medicina.
O encontro de sua verdadeira vocação científica o fez abandonar a universidade contra a vontade de seu pai, e dedicou-se por conta própria aos novos estudos. Em 1585, Galilei foi para Florença, onde manteve contato com os intelectuais que frequentavam a casa de seu pai, o que enriqueceu bastante sua formação filosófica e literária.
Voltado agora para o estudo do pêndulo, Galileu descobriu que, independente do peso do corpo suspenso na extremidade de um fio, o tempo de oscilação é o mesmo, tanto para um corpo leve quanto para um corpo pesado.
Esta descoberta o fez concluir que duas pedras de tamanhos e pesos diferentes levariam o mesmo tempo para cair, isto é, para se deslocar da posição mais alta até a posição mais baixa de uma mesma trajetória. Descobriu então que o movimento pendular e a queda livre são provocados pela mesma causa (gravidade).
Além de seus trabalhos no campo da mecânica, Galileu contribuiu para o desenvolvimento da Astronomia. Em virtude de sua grande habilidade experimental, ele construiu o primeiro telescópio para o uso em observações astronômicas.
Suas observações o levaram a grandes descobertas que contrariavam as crenças filosóficas e religiosas da época, as quais eram baseadas nos ensinamentos de Aristóteles.
Galileu descobriu que o planeta Vênus apresenta fases, como as da lua, e esta observação o levou a concluir que o planeta gira em torno do Sol, como afirmava o astrônomo Nicolau Copérnico em sua teoria heliocêntrica.
Com isso, ele passou a defender e divulgar a teoria de Copérnico, de que a Terra, assim como os demais planetas, se move ao redor do Sol. Estas ideias foram apresentadas em sua obra Diálogos sobre os Dois Grandes Sistemas do Mundo, publicado em 1632.
A publicação dessa obra foi condenada pela Igreja. Em 1633, a Santa Inquisição prendeu e julgou Galileu por heresia.
Para evitar que fosse queimado vivo, Galileu Galilei se viu obrigado a renegar suas ideias através de uma confissão, lida em voz alta perante o Santo Conselho da Igreja.
“Eu, Galileu, filho do falecido Vincenzo Galilei, florentino, de setenta anos de idade, intimado pessoalmente à presença deste tribunal e ajoelhado diante de vós, Eminentíssimos e Reverendíssimos Senhores Cardeais Inquisidores-Gerais contra a gravidade herética em toda a comunidade cristã, tendo diante dos olhos e tocando com as mãos os Santos Evangelhos, juro que sempre acreditei que acredito, e, mercê de Deus, acreditarei no futuro, em tudo quanto é defendido, pregado e ensinado pela Santa Igreja Católica e Apostólica. Mas, considerando que (...) escrevi e imprimi um livro no qual discuto a nova doutrina (o heliocentrismo) já condenada e aduzo argumentos de grande força em seu favor, sem apresentar nenhuma solução para eles, fui pelo Santo Oficio acusado de veementemente suspeito de heresia, isto é, de haver sustentado e acreditado que o Sol está no centro do mundo e imóvel, e que a Terra não está no centro, mas se move; desejando eliminar do espírito de Vossas Eminências e de todos os cristãos fiéis essa veemente suspeita concebida mui justamente contra mim, com sinceridade e fé verdadeira, abjuro, amaldiçoo e detesto os citados erros e heresias, e em geral qualquer outro erro, heresia e seita contrários à Santa Igreja, e juro que no futuro nunca mais direi nem afirmarei, verbalmente nem por escrito, nada que proporcione motivo para tal suspeita a meu respeito."
Ainda assim, ele foi condenado e obrigado a permanecer em prisão domiciliar pelo resto de sua vida.
Conta-se que após o veredicto, Galileu proferiu a seguinte frase: “eppur se muove” – “e, no entanto, ela se move”.
Completamente cego, Galileu morreu em sua casa, próxima a Florença, no dia 8 de janeiro de 1642.
Por Kleber Cavalcante
Graduado em Física
Graduado em Física
350 anos depois...
Você Sabia? A Igreja reconheceu que errou ao condenar Galileu?
Vinte anos atrás, no dia 31 de outubro de 1992, o papa João Paulo II reconheceu os enganos cometidos pelo tribunal eclesiástico que condenou Galileu Galilei à prisão.
Essa revisão de posicionamento, portanto, ocorreu 350 anos após a morte do cientista italiano.
Galileu não dependia dessa absolvição para receber o galardão dos maiores nomes da história, mas o ato simbólico buscou corrigir uma das mais históricas injustiças cometidas pela igreja.
O motivo da discórdia? Galileu defendia a tese de Copérnico de que a Terra não ficava no centro do Universo, e sim orbitava o Sol. Com uma interpretação literal da Bíblia, a Igreja Católica não aceitava que essa teoria fosse tratada como verdade - apenas como hipótese. Assim, Galileu foi obrigado a negar suas ideias publicamente e viver confinado em uma espécie de prisão domiciliar.
Esse é apenas um dos casos em que a religião colidiu com a ciência ao longo da história. O mito de Galileu e, sobretudo, da perseguição da Inquisição sobre ele, é tão forte que há gente que pensa que o astrônomo-físico-matemático-filósofo foi queimado pelos católicos. Na verdade, esse desagradável fim coube a Giordano Bruno, filósofo e teólogo contemporâneo e conterrâneo de Galileu. "Ele propôs a existência de outros planetas e possivelmente outras civilizações no Cosmos. O que gerou, para a Igreja, o curioso problema de ter de haver muitos Cristos", explica Gerson Egas Severo, coordenador do curso de Especialização em História da Ciência da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFF).
Talvez por medo de que seu destino se tornasse o mesmo de Bruno, ou então por imaginar que, mais tarde, as ideias que defendia seriam aceitas sem ressalvas, Galileu aceitou a condenação de afirmar, publicamente, que estava equivocado. Para Severo, o cientista foi um personagem fundamental na Revolução Científica do século 17. "Como o estabelecimento da ciência moderna envolvia necessariamente o esforço de distinguir claramente a cosmovisão e metodologia da ciência das narrativas de ordem religiosa, a encrenca se formou", opina.
Além de suas próprias e revolucionárias descobertas no campo da física e da astronomia, Galileu defendia com unhas e dentes a visão heliocêntrica de Nicolau Copérnico, em contraposição ao geocentrismo defendido pela Igreja Católica, no qual a Terra seria o centro do universo.
Muitos religiosos admiravam a figura de Galileu, pelas suas descobertas, mas, com o protestantismo se expandindo, a igreja endurecia a sua doutrina e não abria mão da visão geocêntrica, o que levou o italiano ao tribunal.
"Copérnico havia morrido um pouco antes da publicação de seu livro, o que o livrou de incomodações", lembra o professor Severo. "Mas as suas ideias foram levadas às últimas consequências matemáticas por Galileu, o que o levou, em seus derradeiros anos, aos bancos da Inquisição."
Especialmente na Idade Média, outros tantos pensadores foram perseguidos pela Santa Inquisição. Dos célebres, apenas Giordano Bruno teve o fim trágico na fogueira. Com ou sem tirania, a Igreja Católica, que durante muitos séculos monopolizava a distribuição de livros, proibiu a publicação de um grande número de autores. Isso se potencializou após a Reforma Protestante, quando foi lançada pelos católicos a primeira edição do Index Librorum Prohibitorum, uma lista de publicações literárias proibidas pela igreja.
Além de Galileu e Copérnico, já tiveram obras proibidas no documento pensadores e escritores célebres como Maquiavel, Rousseau, Montesquieu, Vitor Hugo, Immanuel Kant, Descartes e tantos outros. "Após esses momentos cruciais da história da ciência, a relação entre ciência e religião prosseguiu difícil, tensa, cheia de idas e voltas", diz Severo.
Apesar da aproximação que presenciamos no século 21, o professor sugere que história, filosofia e sociologia ainda ajudarão a responder se o diálogo entre religião e ciência é possível. O Papa João Paulo II acreditava nessa união. No dia 31 de outubro de 1992, foram apresentadas as conclusões da comissão sobre a controvérsia ptolomaico-copernicana do século XVI e XVII, instaurada pelo então papa.
"O erro dos teólogos da época, quando mantinham a centralidade da Terra, era o de pensar que o nosso entendimento da estrutura física do mundo era, de algum modo, imposto pelo sentido literal da Sagrada Escritura", afirmou João Paulo II.
"De fato, a Escritura não se ocupa dos pormenores do mundo físico, cujo entendimento compete à experiência humana e à razão. Existem dois domínios de conhecimento, um cujas fontes está na Revelação e outro que a razão pode descobrir por suas próprias forças. A este último pertencem notadamente as ciência experimentais e a filosofia. A distinção entre dois domínios do saber não deve ser entendida como oposição. Os dois domínios não são estranhos um ao outro. Eles têm pontos de contato. Os métodos próprios de cada um permitem pôr em evidência aspectos diferentes da realidade".
Até essa conclusão, muitos cientistas se viram envoltos em atritos com religiosos. Conheça nove casos.
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Fonte: NASA
( Ciência comprovando a verdade)
Fotos atuais e reais do Planeta Terra
Esta foto da galáxia de Andrômeda mostra claramente 100 milhões de estrelas
Estupefato. É assim que me sinto quando eu dou zoom nesta imagem da galáxia de Andrômeda. Ontem foi uma nova foto estonteante dos Pilares da Criação. Hoje é esta imagem da galáxia com mais de 100 milhões de estrelas. Sim, nada disso na imagem é ruído. Cada pontinho é uma estrela!
A NASA diz:
Maior imagem do telescópio Hubble já montada, esta panorâmica de uma porção da galáxia de Andrômeda (M31) é a fotografia composta mais nítida já tirada da nossa vizinha. Mesmo estando a mais de 2 milhões de anos-luz de distância, o Hubble é poderoso o suficiente para diferenciar estrelas num trecho de 61 mil anos-luz da galáxia em forma de disco de panqueca. É mais ou menos como fotografar uma praia e conseguir distinguir grãos de areia. E há muitas estrelas nesta panorâmica — mais de 100 milhões, algumas delas nos milhares de aglomerados estelares que podem ser vistos no disco.
Eu não sei o que eles estão fazendo como Hubble, mas ele está capturando imagens cada vez melhores e mais impressionantes nos últimos tempos.
SISTEMA SOLAR
Fonte:
Jesus Cristo existiu ?
Mito de Jesus: conheça outros deuses que têm uma
história parecida com a de Cristo
A pergunta se estende há séculos
e continuará a ser realizada ao longo dos tempos: será que a história de Jesus
não passaria de um mito?
Muitos filósofos e pesquisadores
defendem que o que é contado sobre Jesus na Bíblia, na verdade, seria um
conteúdo “enriquecido” com uma mistura de heróis e salvadores da mitologia
grega, persa, egípcia e romana.
Além disso, eles acrescentam que
não há evidências que comprovem realmente a existência de Jesus. - a maioria
dos historiadores concorda que nenhum dos evangelistas foi testemunha ocular da
vida de Cristo.
Entre os que defendem que
ingredientes mitológicos foram adicionados à história de Jesus estão o escritor
e biólogo evolutivo Richard Dawkins, o jornalista Christopher Hitchens e o filósofo francês Michel Onfray.
Abaixo, separamos alguns aspectos
de outras entidades mitológicas que têm um relato parecido com o de Jesus:
Horus
Era o Deus do Sol do Egito.
Nasceu no dia 25 de dezembro, da virgem Isis-meri. Ele também recebeu a visita
de reis e era um pregador. Ele possuía 12 discípulos, realizou milagres e,
depois de ser traído por Tifão, foi crucificado. Ressuscitou três dias depois 3
de enterrado.
Krishna
Este deus da Índia, também nasceu
de uma virgem, Devaki, e uma estrela a leste comunicava sua chegada. É um
deus do panteão hindu, como uma encarnação de Vishnu, e forma suprema de Deus.
Praticou milagres e, após sua morte, ressuscitou.
Dionísio
Este deus grego nasceu no dia 25
de dezembro e sua mãe era uma virgem. Foi autor de milagres, como transformar a
água em vinho. Em sua história, também ressuscita após sua morte.
Mitra
Deus persa do Sol, Mitra nasceu
de uma virgem no dia 25 de dezembro. Teve 12 discípulos e praticou milagres. De
acordo com seu mito, ele ressuscitou três dias após sua morte.
Aprenda mais sobre o assunto:
Jesus - A verdade por trás do mito
Jesus - A verdade por trás do mito
Historiadores, cientistas e teólogos desmentem mitos criados em torno de Cristo. E abrem as portas para uma nova biografia do fundador da maior religião da Terra
por Cristine Kist
Pensou em Jesus, pensou em deserto. Pelo senso comum, a paisagem onde Cristo viveu é aquela que sempre aparece nos filmes sobre ele: areia, gente esfomeada, mais areia... Só que não. A região em volta do Mar da Galileia, onde Jesus passou a maior parte da vida, não tem nada de deserto. Está mais para uma daquelas paisagens suíças de propaganda de chocolate: um lago de água doce, com uma vegetação colorida em volta. Tudo emoldurado por montanhas. Cartão postal.
E o que o lugar tem de bonito, tem de fértil. Há dois mil anos, as vilas que pontuavam os 64 quilômetros de circunferência do lago produziam toneladas de azeite, figos, nozes, tâmaras - itens valiosos num tempo sem iPads, Galaxies ou TVs de Led. Escavações arqueológicas mostram que a cidade onde Jesus se estabeleceu, Cafarnaum, era o centro comercial de onde esses alimentos partiam para o resto da Palestina. A pesca também era industrial. Magdala, a cidade de Maria Madalena, a 10 quilômetros de Cafarnaum, abrigava um centro de processamento de peixes, onde as tilápias do Mar da Galileia eram limpas, conservadas em sal do Mar Morto, e exportadas para outros cantos do Império Romano. O ambiente era de fartura, pelo menos para os padrões da Antiguidade. Tanto que o próprio milagre da multiplicação dos pães e dos peixes não aparece na Bíblia como uma "ação de combate à fome". Mas como um lanche de fim de tarde mesmo. Segundo os evangelhos, uma multidão tinha seguido Jesus até um lugar ermo para ouvi-lo. Estava anoitecendo. Os apóstolos alertaram o mestre de que, no lugar onde estavam, o pessoal não teria onde comprar comida. Então operou-se o milagre. Sem drama.
A ideia de que Jesus pregava num deserto famélico é só a ponta de um iceberg de mitos que povoam o senso comum quando o assunto é Cristo. Nas próximas páginas vamos ver o que a história, a arqueologia e a própria Bíblia têm a dizer sobre os outros.
E o que o lugar tem de bonito, tem de fértil. Há dois mil anos, as vilas que pontuavam os 64 quilômetros de circunferência do lago produziam toneladas de azeite, figos, nozes, tâmaras - itens valiosos num tempo sem iPads, Galaxies ou TVs de Led. Escavações arqueológicas mostram que a cidade onde Jesus se estabeleceu, Cafarnaum, era o centro comercial de onde esses alimentos partiam para o resto da Palestina. A pesca também era industrial. Magdala, a cidade de Maria Madalena, a 10 quilômetros de Cafarnaum, abrigava um centro de processamento de peixes, onde as tilápias do Mar da Galileia eram limpas, conservadas em sal do Mar Morto, e exportadas para outros cantos do Império Romano. O ambiente era de fartura, pelo menos para os padrões da Antiguidade. Tanto que o próprio milagre da multiplicação dos pães e dos peixes não aparece na Bíblia como uma "ação de combate à fome". Mas como um lanche de fim de tarde mesmo. Segundo os evangelhos, uma multidão tinha seguido Jesus até um lugar ermo para ouvi-lo. Estava anoitecendo. Os apóstolos alertaram o mestre de que, no lugar onde estavam, o pessoal não teria onde comprar comida. Então operou-se o milagre. Sem drama.
A ideia de que Jesus pregava num deserto famélico é só a ponta de um iceberg de mitos que povoam o senso comum quando o assunto é Cristo. Nas próximas páginas vamos ver o que a história, a arqueologia e a própria Bíblia têm a dizer sobre os outros.
1. Ele não nasceu em Belém, nem no Natal
O sino que bate nas canções natalinas não é o de Belém. E também não foi no dia 25 de dezembro que ele nasceu. Tudo o que sabemos sobre o nascimento de Jesus está nos evangelhos de Mateus e Lucas - e são versões bem diferentes. Em Mateus, José e Maria aparentemente viviam em Belém quando ela deu à luz. No evangelho de Lucas, eles moravam em Nazaré, e só se deslocaram até Belém porque Augusto, o imperador romano, decretou que todos os habitantes do império deveriam ir até a cidade onde nasceram seus ancestrais para participar de um censo. Como José, segundo a narrativa, era descendente do rei Davi, que nasceu em Belém, ele e a esposa foram até lá. Evangelhos à parte, hoje é consenso entre os historiadores de que Jesus nasceu mesmo em Nazaré. "Tanto Mateus quanto Lucas dizem que Jesus nasceu em Belém com o objetivo de dizer metaforicamente, simbolicamente, que ele é o `novo rei Davi¿", diz o teólogo americano John Dominic Crossan, um dos maiores especialistas na história do cristianismo. Crossan e outros descartam Belém por um motivo: do ponto de vista dos evangelistas, seria mais simples dizer que ele nasceu e cresceu em Belém mesmo - e então mudou para o Mar da Galileia, onde começou a pregar. Mas como os textos se dão ao trabalho de dizer que ele veio de Nazaré, uma cidade que não tinha nada de especial, o mais provável é que ele tenha nascido lá mesmo. Mais: o motivo que Lucas dá para José e Maria terem ido a Belém não existiu. O governo de Augusto é extremamente bem documentado. E não há registro de censo nenhum. Menos ainda um em que as pessoas teriam que "voltar à cidade de seus ancestrais".
Outro consenso é o de que Jesus nasceu "antes de Cristo". A fonte aí é a própria Bíblia. Mateus e Lucas dizem que ele veio ao mundo durante o reinado de Herodes, o Grande (não confunda com Herodes Antipas, seu filho, o soberano da Galileia durante a fase adulta de Jesus). Bom, como esse reinado terminou em 4 a.C., ele não pode ter nascido depois disso. E sobre o dia do nascimento a Bíblia é clara: não diz nada. "No início, o cristianismo não tinha uma data exata para o nascimento de Jesus. Então, lugares diferentes celebravam em datas diferentes", diz o teólogo Irineu Rabuke, da PUCRS. O dia 25 de dezembro acabou adotado, no século 4, porque nessa data os romanos já comemoravam uma festa importante, a Natalis Solis Invicti, ou "Nascimento do Sol Invencível". Era uma comemoração pelo solstício de inverno, o dia mais curto do ano. É que, depois do solstício, os dias vão ficando cada vez mais longos. A festa, então, é pela vida, que a partir daí volta a florescer. Por isso mesmo, o solstício de inverno foi celebrado com festa em boa parte das culturas humanas, desde sempre. O círculo de pedras de Stonehenge, por exemplo, já era palco de festas assim 3 mil anos antes de Jesus nascer, por exemplo. Por esse ponto de vista, dá para dizer que o monumento pré-histórico inglês é, no fundo, uma enorme árvore de natal.
2. Os três reis magos não eram reis. Nem eram três
Está no evangelho de Mateus (e só nele): "magos do oriente" ficam sabendo do nascimento de Jesus e seguem uma estrela que os leva até Jerusalém. Lá eles vão até o palácio real e perguntam a Herodes onde é que vai nascer o "rei dos judeus". O soberano consulta estudiosos das Escrituras Sagradas, e informa aos magos que o nascimento deve acontecer na cidade de Belém. Então pede que eles voltem para confirmar o paradeiro de Jesus. Os homens mais uma vez seguem a estrela, agora até Belém (a 10 quilômetros de lá). Então oferecem ouro, incenso e mirra ao recém-nascido. Depois, são alertados em um sonho que não devem contar a Herodes onde Jesus está, e voltam para casa por um caminho alternativo. Herodes, que era ele mesmo o "rei dos judeus", não queria ser destronado, então mandou seus soldados matarem todos os meninos com menos de dois anos na região. Essa é uma história típica da mitologia em torno de Jesus - nenhum historiador busca evidências de magos e estrelas-guias, claro. Acreditar nela ou não é questão de fé. Mesmo assim, alguns elementos dessa fé distanciaram-se do que está na Bíblia. Por exemplo: não há menção a "reis". "A tradição popular é que definiu isso, porque trouxeram presentes caros", diz Irineu Rabuke. O evangelho, aliás, nem diz que eles eram três: só se sabe que eram mais de um, já que são mencionados no plural. Os nomes deles também não aparecem. As alcunhas "Gaspar", "Melquior" e "Baltazar" são de textos do século 5. O mais provável, enfim, é que esses personagens de Mateus sejam inspirados em sacerdotes do zoroastrismo, uma religião persa ligada à astrologia - daí a "estrela de Belém" e o "vindos do oriente", onde ficava a Pérsia (que hoje se chama "Irã"). Bom, se eles foram imaginados como persas mesmo, essa história tem algo de inusitado do ponto de vista geopolítico, como lembra o americano Crossan: "Acho irônico que, no meu país, nós tenhamos três iranianos nos nossos presépios".
3. Ele era moreno, baixinho e de cabelo curto
A Bíblia não fala sobre a aparência de Jesus, Isso deu liberdade para que artistas construíssem a imagem de Cristo de acordo com suas próprias interpretações. Os do Renascimento, por exemplo, desenhavam Jesus à imagem e semelhança dos nobres do norte da Itália. E essa foi a imagem que ficou.
Ok. Mas vamos à ciência: esqueletos de judeus do século 1 indicam que a altura média deles era de mais ou menos 1,55 m. E que a maioria não pesava muito mais do que 50 quilos. Então o físico de Jesus estaria dentro dessa faixa. E mesmo se fosse bem alto para a época, com 1,65 m, por exemplo, ainda seria pequeno para os padrões de hoje. Determinar o rosto é mais difícil. Mas uma equipe de pesquisadores britânicos liderada por Richard Neave, um especialista em ciência forense, conseguiu uma aproximação boa. Usando como base três crânios do século 1, eles lançaram mão de softwares de modelagem 3D para determinar qual seria o formato do nariz, dos olhos, da boca... enfim, do rosto de um adulto típico da época. O resultado foi uma face parecida com a do retrato que abre esta reportagem. Não que aquilo seja de fato o rosto de Cristo. Mas que se trata de uma aproximação cientificamente confiável, se trata.
Quanto à cor da pele, a hipótese mais provável é que fosse morena, como era, e continua sendo, a da maior parte das pessoas no Oriente Médio. E como seria a de praticamente qualquer um que passasse a vida toda ao ar livre naquele calor de lascar. Bom, sobre o cabelo dele quem dá a maior pista é a própria Bíblia. No livro 1 Coríntios, Paulo diz que "cabelo comprido é uma desonra para o homem". O maior divulgador do cristianismo no século 1 provavelmente não diria isso se Jesus tivesse sido notório pela cabeleira. Na verdade, as primeiras representações conhecidas de Cristo, feitas no século 3, mostram um Jesus de cabelo curto. E sem barba, até. "A ideia era mostrar que se tratava de um jovem", diz Chevitarese. A inspiração desses artistas eram as esculturas de Apolo e Orfeu, deuses gregos também retratados como jovens imberbes. Por volta do século 5, essa primeira imagem de um Jesus jovial e imberbe perdeu espaço para uma outra, em que ele está de barba e cabelos longos e escuros.
Esse Jesus moreno e barbudo surgiu no Império Bizantino e é conhecido como Cristo Pantocrator ("todo poderoso" em grego). "Os bizantinos começam a atribuir à figura de Jesus um caráter de invencível. E essa representação de alguma forma coincidia com as que eles faziam dos próprios imperadores bizantinos", diz Chevitarese.
Os renascentistas, depois, também fariam um Jesus à imagem e semelhança das pessoas que conheciam, e que achavam mais bonitas. Daí a pele clara, os cabelo dourado e os olhos azuis. Nas últimas décadas, porém, artistas (e cineastas) têm se esforçado para não representar Jesus como um nórdico. Em A Paixão de Cristo (2004), de Mel Gibson, o protagonista Jim Caviezel chegou a ter os seus olhos azuis transformados em castanhos. Mas ainda falta um filme realista para valer nesse quesito.
4. Jesus era só um entre vários profetas
Cristo viveu em um período favorável para o surgimento de profetas. Só no livro Guerra dos Judeus (do historiador Flávio Josefo, que viveu no século 1) dá para identificar pelo menos 15 figuras semelhantes a Jesus, que viveram mais ou menos na mesma época dele. A Bíblia cita outros quatro. Um é João Batista, que anunciava o fim do mundo aos seus seguidores, e de quem os cristãos herdaram o ritual do batismo. "Cerca de cem anos depois da morte de João Batista, seus discípulos ainda diziam que ele era maior que Jesus", diz Chevitarese. Para o historiador, João Batista era um concorrente de Cristo. Os dois eram profetas apocalípticos (já que pregavam o fim dos tempos) e viviam na mesma região. A diferença é que João chegou primeiro. "Ele não se ajoelharia na frente de Jesus e diria que não é digno de amarrar a sandália dele, como está nos evangelhos. Pelo contrário", diz. Segundo ele, foi a redação da Bíblia, evidentemente favorável a Jesus, que transformou Batista num coadjuvante: "Os textos pró-Jesus é que vão amarrar o Batista à tradição de Jesus. João Batista é um dos melhores exemplos que nós temos de um candidato messiânico marcadamente popular". O segundo desses profetas contemporâneos é Simão, o Feiticeiro. Conforme o livro Atos dos Apóstolos, do Novo Testamento, Simão é conhecido por "praticar mágica", e quando ouve os apóstolos falarem sobre Jesus, oferece dinheiro a eles para tentar comprar o dom de Deus (os apóstolos recusam a oferta, claro). O terceiro desses é Bar-Jesus, que os apóstolos encontram quando chegam à Grécia e a quem nomeiam como "falso profeta". E o último é o "egípcio", com quem Paulo é confundido no templo de Jerusalém. O egípcio era um candidato a Messias que viveu por volta do ano 40, e prometeu levar os seus seguidores para atravessar o leito do Jordão, que, ele dizia, se abriria quando eles passassem. Chevitarese conta que eles sequer tiveram tempo de chegar às margens do rio: "Os romanos, quando ficaram sabendo disso, mandaram a tropa aniquilar todo mundo. Vai que o rio abre mesmo?".
5. Mateus, Marcos, Lucas e João não são os autores dos evangelhos
Mateus e João eram apóstolos. Marcos, um discípulo de outro apóstolo (Pedro). E Lucas era médico de Paulo. Pela tradição cristã, eles são os autores dos quatro evangelhos do Novo Testamento. Mas isso também é um mito. Ninguém sabe quem escreveu os livros. A "autoria" de cada um foi atribuída aleatoriamente pela Igreja bem depois de os textos terem ido para o papiro. O evangelho de Mateus, por exemplo, foi atribuído a Mateus porque ele dá ênfase ao aspecto econômico - e Mateus era o apóstolo que tinha sido coletor de impostos. Já o texto creditado a João é o único dos evangelhos a relatar o episódio em que Jesus, pouco antes de morrer, pede ao apóstolo João que ele cuide de Maria. Aí os créditos ficaram com João.
O que se sabe mesmo sobre os autores é que não eram "autores" no sentido moderno da palavra. Hoje, qualquer um pode ser autor, porque todo mundo sabe ler e escrever. Há 2 mil anos, não. Saber escrever era o equivalente a hoje saber engenharia da computação. Do mesmo jeito que as empresas contratam engenheiros para cuidar de seus mainframes, os antigos contratavam escribas quando precisavam deixar algo por escrito. Com os evangelhos não foi diferente. O mais provável é que comunidades cristãs tenham encomendado esses trabalhos - e ditado aos escribas as histórias que conhecemos hoje. Ditado e entregado outros textos também, para que eles usassem como fonte.
Dos evangelhos, o primeiro a ser escrito foi aquele que hoje é atribuído a Marcos, quase 40 anos após a morte de Jesus. Marcos, enfim, saiu por volta do ano 70. Mateus e Lucas vieram um pouco depois, ente 75 e 80 - até por isso ambos trazem alguns trechos idênticos aos do manuscrito atribuído a Marcos.
Também há muita coisa igual em Mateus e em Lucas, e que não aparece em Marcos. Como? A tese é simples: os dois autores teriam usado uma fonte em comum, que acabou perdida. Os especialistas chamam essa fonte de "Q" ("Q" de quell, que é "fonte em alemão). Sempre que Mateus e Lucas concordam em alguma história que não está em Marcos, então, ela é creditada ao suposto livro "Q". Por causa desse entrelaçamento todo, costumam chamar esses três evangelhos de "sinópticos". Ou seja: os três têm a "mesma ótica". Contam basicamente a mesma história, cada um com algum adendo aqui e alguma omissão ali. Já João, o quarto evangelho, escrito por volta do ano 100, traz uma história diferente. Ali Jesus é mais do que o "filho de Deus": é o próprio Deus encarnado. E a narrativa também muda. Em João ele destrói as barracas dos cambistas e vendedores do Templo de Jerusalém logo no começo da saga, por exemplo. Nos outros, esse ato está bem no final.
Depois foram surgindo mais e mais "biografias" de Jesus. Para diminuir a bagunça, logo depois que o imperador Constantino legalizou o cristianismo, no século 4, a Igreja se organizou para definir quais seriam os livros que fariam parte da Bíblia Cristã. E bateu o martelo para a formação atual do Novo Testamento. O critério da Igreja foi usar os textos mais antigos - os mais confiáveis. Os quatro evangelhos, inclusive, faziam parte da primeira lista de livros sagrados do cristianismo de que se tem notícia, o Cânon de Muratori, compilado em 170 d.C. "A Igreja no século 4 apenas reconheceu o que já eram as suas escrituras por séculos", diz o teólogo Ben Witherington, da Universidade de St. Andrews, na Escócia.
Os textos sobre Jesus que não entraram para a Bíblia acabaram conhecidos como evangelhos "apócrifos" ("ocultos", em grego). Existem dezenas. Um deles, aliás, é aquele descoberto recentemente e que ficou famoso por dizer que Jesus era casado. Não é bem um "evangelho", mas um fragmento de papiro do tamanho de um cartão, em que aparece escrito em egípcio: "Jesus disse a eles: ´Minha esposa (...)`" - o resto está cortado. O manuscrito é dos anos 300 d.C. Bem mais recente que os evangelhos do Novo Testamento. O que ele significa? Que alguma comunidade cristã daquela época acreditava que Jesus era casado. Para a maior parte dos pesquisadores, isso não basta para mudar a "biografia oficial" de Cristo, como diz André Chevitarese: "João Batista era celibatário. Paulo era celibatário. Jesus é um desses casos".
6. Judas pode não ter sido um traidor
Judas, um dia, foi nome. Hoje, virou adjetivo, sinônimo de ausência de caráter. Mas Judas Iscariotes, que teria entregue Jesus aos romanos em troca de 30 moedas de prata, pode ser um injustiçado. Essa história aparece nos quatro evangelhos - com uma ou outra variação. Para alguns estudiosos, porém, ela é uma farsa. A maior evidência estaria nos textos de Paulo, os mais antigos entre os do Novo Testamento, escritos por volta do ano 50 d.C. Numa passagem na Primeira Epístola aos Coríntios Paulo diz que, depois de ressuscitar, Jesus apareceu para os 12 apóstolos, e não para 11: "Ele foi sepultado e, no terceiro dia, foi ressuscitado, como está escrito nas Escrituras; e apareceu a Pedro e depois aos 12 apóstolos" (Coríntios, 15:5). Ou seja, Judas estaria lá. Não teria se matado após a famosa traição, como dizem os evangelhos. Essa epístola foi escrita pelo menos dez anos antes de Marcos, o primeiro dos quatro.
Outro documento que defende o suposto traidor é o Evangelho apócrifo que ficou conhecido como "Evangelho de Judas". Uma cópia desse manuscrito foi revelada em 2006. Pesquisadores acreditam que o texto foi escrito originalmente por volta do século 2, já que ele foi mencionado em uma carta escrita pelo bispo Irineu de Lyon em 178 d.C. Segundo o texto, Judas teria apenas acatado um pedido de Jesus ao entregá-lo para as autoridades romanas. Nessa versão, Iscariotes era o apóstolo mais próximo do mestre - daí o pedido ter sido feito a ele.
Mesmo se levarmos em conta só os evangelhos canônicos, alguns pesquisadores acham pouco verossímeis as passagens que incriminam Judas. É o caso de John Dominic Crossan: "Para ser sincero, eu vou e volto com essa questão. Mesmo quando respondo afirmativamente [que Judas de fato traiu Jesus], penso nisso como remotamente possível", diz ele. Durante a sua última semana de vida, Jesus era protegido pela presença da multidão durante o dia ("Procuravam então prendê-lo, mas temeram a multidão", Marcos, 28:12), e se protegia ao sair de Jerusalém e ir para Betânia, onde estava hospedado, durante a noite. Na opinião de Crossan, as autoridades romanas não precisariam da ajuda de Judas para encontrar Jesus: "Certamente as autoridades teriam descoberto por si próprias o lugar exato para interceptar Jesus. Então, Judas era mesmo necessário? Essa é minha maior objeção com a figura histórica de Judas como traidor". Por esse ponto de vista, o episódio da traição de Judas teria sido criado para facilitar a conversão dos romanos ao cristianismo. Na época, parte da população do império já começava a se converter, e não ficaria bem se a maior parte da responsabilidade pela morte de Jesus recaísse justamente sobre um romano, Pôncio Pilatos. É o que Chevitarese defende: "Pessoas vindas do ambiente politeísta, principalmente das elites romanas, já estavam se convertendo ao cristianismo por volta de 70 d.C. Por isso, os evangelhos fazem Pilatos lavar as mãos".
7. O Reino dos Céus era na Terra
Todo ano, antes de avisar a Jesus Cristo que ele está aqui, Roberto Carlos olha para o céu e vê uma nuvem branca que vai passando. O céu virou sinônimo de paraíso, é de lá que Deus observa os nossos movimentos e é pra lá que vai quem já morreu. Mas o jovem Jesus, quando tentava convencer seus ouvintes a se comportarem de maneira justa, não dizia exatamente isso. O Reino de Deus (ou Reino dos Céus) que Jesus pregava iria acontecer aqui na Terra mesmo.
Os próprios evangelhos deixam isso claro. Em uma conversa com os discípulos pouco antes de morrer, Jesus diz que alguns deles estarão vivos para ver o reino de Deus chegar: "Dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o Reino de Deus já chegando com poder" (Marcos, 9:1). Em outro momento, Jesus chega a afirmar que o Reino de Deus já chegou: "Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galileia pregando o evangelho de Deus; e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho" (Marcos, 1:15).
Os discípulos, portanto, acreditavam que o Reino de Deus seria instaurado imediatamente. "No tempo de Jesus, era muito forte a esperança de que se fosse fazer um reino nos moldes do Rei Davi, do Rei Salomão. Quando Jesus falava em `reino¿, as pessoas achavam que só podia ser um reino desse tipo", diz Irineu Rabuske. Mas Jesus era um profeta apocalíptico, e o que ele defendia é que Deus faria uma intervenção em breve e daria início a um reino de paz e justiça.
É verdade que também existem na Bíblia diversas passagens em que Jesus fala sobre um pós-morte. Uma delas está em Lucas. É sobre um homem rico e um mendigo que costumava pedir-lhe esmolas. Depois de morrer, o rico vai para uma espécie de inferno, onde "atormenta na chama". E o mendigo é consolado por Abraão. Cristo é mais claro ainda no evangelho de João. Ele diz a Pilatos que "seu reino não é deste mundo".
Só que Lucas e João são textos mais recentes que Marcos. E para boa parte dos pesquisadores, é por isso mesmo que eles dão ênfase à ideia de um Reino do Céu no "céu".
"Essas referências foram sendo acrescentadas conforme o início do reino não ocorria", diz o arqueólogo e especialista em cristianismo Pedro Paulo Funari, da Unicamp. Ou seja: chegou um momento em que os cristãos tiveram que lidar com o fato de que o reino de Deus talvez não estivesse tão próximo assim. A partir daí, começou um processo de reinterpretação. A pregação de Jesus, de que os bons seriam recompensados e os maus punidos num julgamento que marcaria o fim de uma era no mundo, foi sendo alterada. E o julgamento passou a acontecer no final da vida de cada um. Faz todo o sentido: do ponto de vista argumentativo, é uma versão mais sofisticada. Só quem já morreu pode contestá-la.
PARA SABER MAIS
Jesus Histórico. Uma Brevíssima Introdução
André Chevitarese e Pedro Paulo Funari, Kline, 2012
Quem Jesus Foi? Quem Jesus não foi?
Bart Ehrman, Record, 2011
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O que é Fundamentalismo ?
É o termo usado para se referir à crença na interpretação literal dos livros sagrados. Fundamentalistas são encontrados entre religiosos diversos e pregam que os dogmas de seus livros sagrados sejam seguidos à risca.
O termo surgiu no começo do século 20
nos EUA, quando protestantes determinaram que a fé cristã exigia acreditar em
tudo que está escrito na Bíblia. Mas o fundamentalismo só começou a
preocupar o mundo em 1979, quando a Revolução Islâmica transformou o Irã num
Estado teocrático e obrigou o país a um retrocesso aos olhos do Ocidente:
mulheres foram obrigadas a cobrir o rosto e festas, proibidas. “Para quem
aprecia as conquistas da modernidade, não é fácil entender a angústia que elas
causam nos fundamentalistas religiosos”, escreveu Karen Armstrong no livro Em
Nome de Deus: o Fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo.
Os ataques de 11 de setembro,
organizados pelo grupo Al Qaeda, reacenderam a preocupação contra
fundamentalistas e criaram 2 mitos freqüentes: o de que todo fundamentalista é
muçulmano e terrorista. “Poucos grupos apelam para a violência”, diz o
antropólogo Richard Antoun, autor de Understanding Fundamentalism: Christian,
Islamic and Jewish Movements (“Entendendo o Fundamentalismo: Movimentos
Cristãos, Islâmicos e Judaicos”, inédito no Brasil). Conheça, ao lado, alguns
grupos fundamentalistas espalhados pelo mundo.
Grupos judaicos
Kach Kahane Chai
Objetivo: Restabelecer os territórios judaicos como determina
a Torá e expulsar os palestinos da região.
Modo de agir: Atentados terroristas em Israel. Em 1994,
Baruch Goldstein, seguidor do Kach, matou 29 palestinos que rezavam na Caverna
dos Patriarcas, em Hebron.
Neturei Karta
Objetivo: Oposição ao sionismo. O grupo acredita que Israel é
obra de Satã e que judeus não devem se envolver em política ou luta armada, só
em assuntos espirituais.
Modo de agir: Boicote. Em 1948, quando o Estado de Israel foi
criado, o grupo proibiu todos os seus membros de participarem de eleições,
recusou subsídios governamentais para suas escolas e jurou que não entraria em
nenhuma instituição governamental. No ano passado, quando o líder da Autoridade
Palestina Iasser Arafat morreu, membros do Naturei Karta visitaram o túmulo
dele. Muitos membros do grupo apóiam a criação de um Estado palestino.
Satmar
Objetivo: Oposição ao sionismo. É um dos maiores grupos
ultra-ortodoxos existentes hoje. Surgido na Romênia, vê o Estado de Israel como
profanação. Acredita que o povo eleito deve sofrer a punição do exílio e não
tomar iniciativas para se salvar, confiando na vontade de Deus.
Modo de agir: Encoraja os seguidores a criarem comunidades
fora de Israel. O líder do grupo, rabino Joel Teitelbaum, culpa os sionistas
pelo Holocausto, pois “atraíram a maioria dos judeus para uma hedionda heresia,
como nunca se viu desde a criação do mundo”.
Grupos islâmicos
Partido Frente Islâmica de Salvação
Objetivo: Fundar uma república islâmica regida pelas leis do
Alcorão na Argélia.
Modo de agir: Política. Em 1991, o partido iria ganhar as
eleições, mas o governo interrompeu o processo eleitoral. A medida gerou
revolta entre os muçulmanos e uma guerra civil durante toda a década de 1990.
Deste conflito, surgiram os grupos fundamentalistas Exército Islâmico da
Salvação e Grupo Armado Islâmico.
Al-Gama·a al-Islamiyya
Objetivo: Pela guerra santa, fazer do Egito um Estado
islâmico.
Modo de agir: Ataques terroristas, em especial contra turistas.
"O turismo é uma praga. As mulheres vêm vestidas em roupas provocativas
para despertar o desejo dos fiéis", disse o líder Omar Abdel Rahman a um
jornal israelense em 1993. Em 1997, o grupo matou 58 pessoas que visitavam o
templo de Hatshepsut, um dos principais pontos turísticos do país. Também já
cometeu um ataque contra o presidente egípcio Hosni Mubarak, em 1995.
Abu Sayyaf
Objetivo: O grupo, ligado à Al Qaeda, quer criar um Estado
islâmico nas Filipinas.
Modo de agir: Ataques terroristas. É acusado de ter matado
100 pessoas no ataque a um barco, em fevereiro de 2004. No dia 14 de fevereiro
deste ano, dia dos namorados nas Filipinas, 3 atentados à bomba mataram 11
pessoas. Os ataques seriam um presentinho para a presidente Gloria Arroyo.
Grupos cristãos
Pró-vida de Anápolis
Objetivo: Combater o aborto em qualquer caso, o
homossexualismo e o uso de preservativos.
Modo de agir: Campanhas e lobbies junto a vereadores e
deputados. O grupo luta contra ações judiciais que permitem certos tipos de
aborto e é reconhecido como entidade de utilidade pública por uma lei municipal
de Anápolis.
Christian Voice (Voz Cristã)
Objetivo: Analisar os acontecimentos atuais sobre a ótica da
Bíblia, unir Igreja e Estado na Inglaterra. "Abençoada é a nação em que
Deus é o senhor", informa o site do grupo.
Modo de agir: Manifestações de oposição à União Européia e ao
divórcio, ataques a clínicas de aborto e promoção da cura de homossexuais. No
começo do ano, o grupo fez uma manifestação contra a tevê britânica BBC por ter
apresentado o musical Jerry Springer - The Opera em que Jesus, Maria e Deus são
convidados de um programa de entrevistas no inferno e Jesus diz que é gay.
Telefones de funcionários da BBC foram divulgados no site do grupo para quem
quisesse reclamar pessoalmente.
Universidade Bob Jones
Objetivo: Formar profissionais preparados para seguir Cristo,
independentemente da carreira.
Modo de agir: Os estudantes são obrigados a participar de um
curso bíblico por semestre. Proíbe namoros entre estudantes de raças diferentes
e expulsa alunos homossexuais.
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Refletindo e Questionando
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Como provar uma teoria cientificamente ?
Modo cientifico:
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O que é Evolucionismo ?
Evolucionismo
Desenvolvida
principalmente por Charles Darwin, a teoria do Evolucionismo afirma que a
sobrevivência das espécies está relacionada com sua seleção natural.
Evolucionismo é uma teoria elaborada e desenvolvida por diversos cientistas para
explicar as alterações sofridas pelas diversas espécies de seres vivos ao longo
do tempo, em sua relação com o meio ambiente onde elas habitam. O principal
cientista ligado ao evolucionismo foi o inglês Charles Robert Darwin
(1809-1882), que publicou, em 1859, a obra Sobre a origem das espécies
por meio da seleção natural ou a conservação das raças favorecidas na luta pela
vida, ou como é mais comumente conhecida, A Origem das Espécies.
Darwin elaborou sua principal obra a partir de uma pesquisa
realizada em várias partes do mundo, após uma viagem de circum-navegação
ocorrida entre 1831 e 1836, coordenada pelo Almirantado britânico. Nessa
viagem, o cientista inglês pôde perceber como diversas espécies aparentadas
possuíam características distintas, dependendo do local em que eram
encontradas.
Darwin pôde perceber ainda que entre espécies extintas e espécies
presentes no meio ambiente havia características comuns. Isso o levou a afirmar
que havia um caráter mutável entre as espécies, e não uma característica
imutável como antes era comum entender. As espécies não existem da mesma forma
ao longo do tempo, elas evoluem. Durante a evolução, elas transmitem geneticamente
essas mudanças às gerações posteriores.
Youtube:
Carl Sagan - COSMOS - Evolution
A teoria elaborada por Charles Darwin causou grande polêmica no meio científico. Isso mesmo tendo existido antes dele cientistas que já afirmavam que toda a alteração no mundo orgânico, bem como no mundo inorgânico, é o resultado de uma lei, e não uma intervenção miraculosa, como escreveu o naturalista francês Jean-Baptiste de Lamark (1744-1829).
Havia ainda à época uma noção de que as espécies tinham suas
características fixadas desde o início de sua existência, não havendo o caráter
de mudança não divina apontada pelo cientista inglês. Tal concepção era
fortemente influenciada pela filosofia religiosa cristã, da criação por Deus de
todos os seres vivos desde o início do mundo. Até Charles Darwin teve suas
convicções religiosas abaladas com os resultados de suas pesquisas, o que o
levou a se recusar a apresentá-los por cerca de vinte anos.
Uma polêmica constante na teoria evolucionista está relacionada
com os seres humanos. No que se refere à evolução de homens e mulheres, o
evolucionismo indica que nós temos um ancestral comum com algumas espécies de
macacos, como o chimpanzé. Pesquisas recentes de decodificação do genoma
indicam uma semelhança de 98% entre os genes de seres humanos e chimpanzés.
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Animais: gente como a gente
A ciência está
descobrindo que os animais têm capacidades mentais espantosas. Eles são muito
mais parecidos conosco do que gostaríamos de admitir.
“Por fim, Deus disse:
‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Domine ele os peixes do mar, as
aves do céu, os animais domésticos, todos os animais selvagens e os répteis que
rastejam sobre a terra’.” Está na Bíblia e faz parte da cultura ocidental.
Há
séculos estamos acostumados a pensar em nós mesmos como seres superiores,
criados de acordo com um padrão divino. Animais eram os outros, nós nunca. No
século 19, Charles Darwin e a genética nos ensinaram que não é bem assim. O
naturalista britânico causa polêmica até hoje com a ideia de que somos apenas o
resultado da evolução de outros bichos. Ele é amparado pelas análises de DNA. O
código genético humano é tão parecido com o do chimpanzé, que uma equipe de
cientistas americanos defende que esses macacos deveriam ser incluídos no
gênero homo. Agora a ciência está derrubando, com uma velocidade espantosa, o
último refúgio onde ainda nos sentíamos seguros: a mente. Estamos descobrindo
que, em termos de inteligência, cognição e psicologia, não somos tão especiais.
Os bichos não são
assim tão diferentes de nós. Sabemos agora que os peixes, as aves, os animais
domésticos, todos os animais selvagens e os répteis que rastejam sobre a terra
têm memória, personalidade e linguagem. As formas de comunicação dos golfinhos
são tão desenvolvidas, que se suspeita que eles tenham nome próprio – e, por
definição, um ser capaz de dar nome a si e a seus semelhantes tem noção de
identidade. Os golfinhos também mantêm tradições culturais, desenvolvidas em
sociedade e transmitidas através das gerações.
Os polvos desenvolvem a
atividade repetitiva, e aparentemente inútil, usada por animais de grande
inteligência para explorar o mundo e refinar suas habilidades motoras, que nós
chamamos de brincar. Os primatas dominam um senso rústico de justiça e sentem
ciúmes quando acham que não foram recompensados como deveriam. Também percebem
quando outro bicho precisa de ajuda. Mais: um macaco tem consciência de
existir. Diante de um espelho, ele percebe que aquela imagem que ele vê não é um
outro bicho, mas seu próprio rosto.
Um bicho que se reconhece como ser
individual e entende que o outro precisa de ajuda não só tem psicologia
própria, como está a um passo de entender a psicologia dos outros. O que
significa que é provável que os macacos tenham empatia, a capacidade de se
colocar no lugar do outro indivíduo e imaginar o que ele está pensando. Para
isso, é preciso elaborar a chamada teoria da mente, algo que nós sempre
consideramos uma capacidade exclusiva nossa.
Memória das galinhas
Aristóteles define
cognição como o processo responsável por armazenar conhecimento, transformá-lo
e resgatá-lo sempre que preciso. Nesses termos, galinhas e ovelhas têm
cognição, porque memorizam e reconhecem até 100 faces diferentes. Muitos
pássaros se lembram de uma foto por anos. Na hora de identificar e diferenciar
dois objetos, pombas e humanos usam a mesma estratégia: localizam os
componentes principais de cada um e fazem um mapeamento de sua organização
espacial.
Com a diferença de que os pombos prestam atenção a mais informações
ao mesmo tempo, o que permite que eles façam vôos rasantes em busca de um grão
minúsculo sem acertar nenhum poste no caminho. Os esquilos associam um cheiro a
um animal ou a um alimento.
Cada indivíduo emite vários cheiros diferentes, mas
o esquilo é capaz de identificar o outro animal a partir de apenas um deles.
Mesmo tendo um cérebro do tamanho de uma noz, o papagaio Alex, de 28 anos, que
vive em um laboratório em Massachusetts, nos EUA, entende o número zero, um
conceito abstrato que as crianças só começam a compreender a partir dos 3 anos.
Submetido a testes com cubos coloridos, Alex é capaz de usar a palavra inglesa
“none” para indicar que não há na mesa nenhum objeto com determinada cor.
Mas a capacidade
cognitiva recém-descoberta nos animais não é tão impressionante, nem tão
polêmica, quanto as notícias que nos chegam, quase todos os dias, dos
laboratórios de psicologia comparada. Nos últimos anos, pesquisadores de todos
os cantos do planeta localizaram traços de personalidade em chimpanzés,
ovelhas, porcos-espinhos, cobras-corais, peixinhos de aquário, rinocerontes,
lobos, zebras e porcos.
Entre as moscas drosófilas, há os machos agressivos e
os tímidos. Peixes acostumados a nadar próximos de predadores são menos ariscos
ao contato com humanos do que aqueles que nunca se expuseram ao perigo. Ratos
riem quando rolam no chão juntos - as risadas são vocalizações ultra-sônicas
que evitam que o companheiro interprete mal a brincadeira. Camundongos fazem
serenatas para conquistar as fêmeas. Neurologistas da Universidade Washington
perceberam que aqueles guinchos que eles soltam são sequências sonoras
complexas, com melodia e refrão.
Timidez em
hipopótamos
A aplicação da
palavra personalidade para animais não humanos é recente e provoca resistência.
Alguns pesquisadores preferem falar em temperamento. Mas eles estão se tornando
uma minoria. “Personalidade é o caráter de um indivíduo, definido a partir da
forma como ele é visto pelos outros. Nesse sentido, animais têm personalidade,
sim. Eles também oscilam entre dois extremos, a atitude proativa e a reativa”,
diz o americano Roland Anderson, biólogo do aquário de Seattle e autor de
algumas das mais interessantes pesquisas sobre cetáceos dos últimos anos.
Independentemente da terminologia, o fato é que um hipopótamo tímido não se
torna agressivo de um dia para outro. “A diferença entre os animais e os homens
é apenas de grau, não de gênero. Para nós como para eles, é a personalidade que
nos torna previsíveis e, por isso, socialmente confiáveis. A personalidade
humana é apenas um pouco mais variada”, argumenta o psicólogo inglês Sam
Gosling, professor da Universidade do Texas e fundador do Instituto de
Personalidade Animal.
Gosling aplicou a 34 hienas um teste muito parecido com o
que é usado em humanos. O modelo descritivo mais usado em psicologia define que
nós temos diferentes níveis de extroversão, altruísmo, criatividade, abertura a
novas experiências e estabilidade emocional. As hienas apresentam 4 desses 5
traços. Os 3 primeiros deles são encontrados nos mamíferos, nos polvos e em
alguns peixes. O único fator ausente na grande maioria das espécies é a
estabilidade emocional, que no jargão de Freud é mais conhecida como superego,
ou a capacidade de seguir normas sociais e controlar impulsos. Mas nem mesmo o
superego é exclusivo nosso.
Nós compartilhamos essa característica com os
outros primatas. “Toda droga usada no tratamento de desordens emocionais e
psiquiátricas em humanos foi primeiro desenvolvida e testada em animais. Se os
animais não tivessem padrões psicológicos parecidos com os nossos, todas as
nossas pesquisas não fariam o menor sentido”, afirma Jaak Panksepp, o
neurocientista nascido na Estônia que descobriu que ratos riem. A depressão também é
facilmente encontrável no restante do mundo animal. “A inadequação entre a
nossa personalidade e o mundo que nos cerca é que gera frustração. O conflito
entre as tendências inatas e o ambiente provoca ansiedade e depressão. Isso
acontece entre os animais o tempo todo”, defende o psicobiólogo Vanner Boere
Souza, professor da Universidade de Brasília.
Elefantes órfãos, que perderam os
pais em caçadas, estão atacando vilas na África e na Índia com uma
agressividade incomum que um pesquisador credita ao estresse pós-traumático. Ratinhos de laboratório são vítimas constantes de
depressão. Depois de permanecerem trancados por vários dias, eles costumam
ficar encolhidos, com os pêlos arrepiados e sem reação a estímulos alimentares
e sexuais. Agora pense em um homem com depressão. Ele também fica encolhido,
com os cabelos desgrenhados e sem vontade de comer.
Poucos animais são
tão estudados quanto os cães. Sabemos agora que eles detêm 5 traços bem
marcados de personalidade, sendo que apenas um deles, a tendência à caça, é bem
diferente do dos humanos. Os cientistas perceberam ainda que os cães têm uma
capacidade extraordinária de acompanhar movimentos rápidos com os olhos.
Eles
aprendem tanto através do olhar que se tornam capazes de antecipar os
movimentos dos seus donos. Se o dono vai na direção de um cão para abraçá-lo ou
para brigar, ele percebe antes e antecipa a reação. Provavelmente por causa dos
10 mil anos de convívio, os cachorros são os animais que melhor nos conhecem.
Durante os testes em que um homem desconhecido tenta mostrar com os olhos onde
está a comida, eles parecem interpretar as situações propostas como formas de
comunicação, e não como desafios reais, coisa que só macacos com muito tempo de
convívio com humanos fazem. “Se a nossa relação com os cães é tão bem-sucedida,
é porque eles nos ‘escolheram’: fizeram as adaptações físicas e emocionais
necessárias para conviver pacificamente conosco”, diz o professor Vanner.
Animais pensam?
Os animais exercem um
grande fascínio sobre nós, e os cientistas que se dedicam a eles parecem vibrar
com os resultados favoráveis aos bichos. Mas alguns pesquisadores questionam
esses trabalhos. Dizem que, na hora de dar aos animais novas características,
os colegas procuram as definições mais abrangentes possíveis para termos sempre
difíceis de explicar, como personalidade, consciência e cultura. Também alegam
que é muito difícil interpretar as reações dos animais sem correr o risco do
antropomorfismo – que é o nome dado, nesse caso pejorativamente, à tendência de
aplicar características humanas a outros seres. “É certo que os animais são
muito mais complexos do que imaginávamos, mas é preciso tomar cuidado quando
tentamos compará-los a nós. Jamais saberemos ao certo o que se passa na cabeça
de um elefante, simplesmente porque não fazemos idéia de como é ser um”, alega
o psicólogo americano Clive Wynne, professor da Universidade da Flórida.
A
reação desconfiada de parte dos pesquisadores tem raiz em René Descartes
(1596-1650). Ao definir os seres humanos a partir da fórmula do “penso, logo
existo”, o matemático francês relegou o resto dos animais a um segundo plano
intelectual. Descartes dizia que a mente dos animais funciona como uma máquina,
e que nenhum bicho é capaz de ter sentimentos ou de desenvolver uma teoria da
mente. Esse raciocínio está na raiz da psiquiatria freudiana, que desconsidera
a base biológica da mente. Sustenta também as pesquisas com animais de grande
parte do século 20.
Enquanto o behaviorismo de Frederic Skinner (1904-1990) foi
dominante, principalmente nas décadas de 1940 e 1950, o comportamento era tido
como uma característica externa, provocada pela reação a estímulos. O curioso é
que os behavioristas criaram os métodos de avaliar aspectos cognitivos dos
animais que são usados até hoje. Tudo o que a nova geração de pesquisadores
pró-animais precisou fazer foi aplicar essa metodologia e mudar a filosofia.
Esta eles foram buscar em conceitos populares já no fim do século 19, e que
tinham sido soterrados pelo próprio behaviorismo.
Na mesma época em que
percebíamos, assustados, que não somos nada mais do que macacos que deram
certo, uma ciência emergente, dedicada à psicologia humana, falava abertamente
em emoções e personalidades distintas em animais. O próprio Darwin publicou, em
1872, o livro A Expressão de Emoções no Homem e nos Animais, em que ele
aplicava os conceitos evolucionistas à psicologia. “Qualquer um que já tenha se
ocupado de crianças”, ele escreveu, “deve ter percebido com que facilidade elas
apelam para as mordidas quando exaltadas. Parece tão instintivo nelas quanto em
filhotes de crocodilo, que mal saídos dos ovos já dão dentadas com suas
pequenas mandíbulas”.
Nessa obra, ele defende sem constrangimento a ideia de
que os insetos sentem ciúmes e que o riso e o medo são bem mais antigos, em
termos de evolução, do que as lágrimas, e por isso tão poucas espécies choram.
“A psicologia só faz sentido no contexto da evolução. As espécies aprimoraram
seu comportamento de forma a resistir melhor à seleção natural. Não deveríamos
nos surpreender com o fato de que vários traços de personalidade não são
exclusivos de seres humanos”, diz Sam Gosling.
E, por alguns anos, até que
Freud e Skinner dominassem a academia e transformassem o conceito de psicologia
animal em algo um tanto ridículo e marginalizado, as pessoas realmente não se
surpreenderam com a ideia. Era uma época em que europeus abastados voltavam de
viagens à África com chimpanzés na bagagem, para serem criados como bebês
crescidos.
Em 1908, as livrarias vendiam obras como On the Senses, Instincts,
and Intelligenge of Animals With Special Reference to the Insects (“Sobre os
Sentidos, os Instintos e a Inteligência dos Animais, com Referência Especial
aos Insetos”), de John Lobbocks. Um dos manuais de psicologia mais conhecidos
nos EUA, A Handbook of Social Psychology (“Guia de Bolso da Psicologia
Social”), dedica um quarto de sua edição de 1935 a descrever o comportamento de
animais.
Com seu livro sobre
as expressões das emoções nos animais, Darwin fundou a etologia, a ciência que
estuda o comportamento animal. Até 1970, os etólogos se dedicaram a estabelecer
parâmetros de comparação entre espécies. Nesse ano, o inglês John Crook
defendeu que os animais tinham que ser estudados dentro de seu contexto social,
uma linha de pensamento que hoje domina a etologia. Foi nessa época também que
os estudos com primatas se tornaram importantes e populares.
A antropóloga
britânica Jane Goodall, hoje com 72 anos, mostrou que os chimpanzés e os
bonobos africanos são capazes de usar ferramentas e identificou neles cultura,
raciocínio e capacidade de aprendizado – nada mais distante do conceito
cartesiano de que eles não passam de máquinas. Foi ela quem criou o hábito,
controverso na época e muito comum hoje, de dar nomes, e não números, aos
animais pesquisados.
E agora?
Certo, somos todos
animais, e muito parecidos. Mas isso significa que nada diferencia você de um
rato? Calma, por enquanto ainda sobraram algumas barreiras. Duas, na verdade.
Até onde se sabe, só os seres humanos têm a capacidade de pensar no futuro a
longo prazo. A outra característica é a mais importante: a linguagem. Os outros
animais se comunicam, mas nenhum deles foi capaz de criar sociedades tão
complexas como a nossa. “Somos especiais, não há dúvida”, defende César Ades,
professor da Universidade de São Paulo e precursor da etologia no Brasil. “Uma
simples caderneta de telefone guarda uma complexidade intelectual e social
única. Mas a questão é outra. Temos que sair do isolamento cartesiano em que
nos colocamos e reconhecer que cada espécie animal tem suas próprias
capacidades. Não somos superiores.”
Se não somos
superiores, temos que repensar o jeito de lidar com os outros animais. Já
começamos, quando passamos a tomar cuidado na hora de usá-los como cobaias.
César Ades se lembra de quando, nos anos 60, seu professor de veterinária abriu
um cachorro vivo na sala de aula. Quando o coitado se debateu, mexendo as patas
como quem acena, o professor fez piada: “Já vai? É cedo, fique um pouco mais”.
Em termos de pesquisas cognitivas, por outro lado, os animais são cada dia mais
importantes. “Agora que sabemos o quanto somos parecidos, as outras espécies
podem nos ajudar a entender a importância da genética na definição da
personalidade e saber até que ponto é possível mudar de comportamento”, defende
Sam Gosling. Para chegar a esse ponto, vamos ter que olhar com mais humildade
para os nossos colegas do reino animal.
Vôlei aquático
Os polvos são os
animais invertebrados mais inteligentes que conhecemos. Eles são hábeis no uso
de ferramentas e criativos na solução de problemas. Também têm personalidades
bem definidas. “No aquário onde eu trabalho, temos a Emily Dickinson, que fica
encolhida no tanque, e a Lucretia McEvil, que puxa para a água quem se
aproxima”, diz o biólogo Roland Anderson. Há indícios de que eles também
brincam. Ao analisar a reação dos animais diante de uma garrafinha de plástico
vazia, Anderson percebeu que eles gostam de usar jatos de água para jogar o
objeto para cima continuamente, como se estivessem praticando vôlei. Essas
capacidades desafiam a tese de que a inteligência é desenvolvida em sociedade.
Afinal, polvos são solitários e só vivem dois anos em média, pouco tempo para
acumular experiências.A resposta para a grande inteligência dos polvos pode
estar no lugar onde eles se desenvolveram: grandes bancos de corais, cheios de
predadores e com várias opções de alimentos. “Os humanos também surgiram em um
ambiente perigoso e cheio de possibilidades”, diz Anderson. “Por causa dessa
similaridade, a inteligência dos polvos pode nos ajudar a entender a nossa.”
Diferenças sutis
AS 6 BARREIRAS QUE JÁ
CAÍRAM...
Memória
Ovelhas e várias
espécies de pássaros têm uma ótima memória visual. Entre os esquilos, ela é
rapidamente ativada por cheiros. Ratos de laboratório que sentiram náusea por
causa de uma mistura de limão e cloreto de lítio passam o resto da vida
evitando qualquer coisa que tenha cheiro de limão.
Personalidade
Parte dos cientistas
prefere falar em temperamento. Mas a nomenclatura é o que menos importa. O fato
é que indivíduos de dezenas de espécies seguem, cada um, um padrão de
comportamento. Um animal agressivo se comporta sempre com agressividade.
Portanto, é possível que ele tenha identidade.
Mundo Interior
Assim como os
humanos, vários animais nascem com uma tendência de comportamento, que se firma
ou muda com o passar do tempo. Quando o ambiente entra em conflito com a
personalidade, surge a frustração, que pode provocar ansiedade e depressão.
Isso acontece conosco, mas também com várias espécies.
Consciência
Alguns testes apontam
que golfinhos e grandes primatas têm consciência de si mesmos. Baseados nessas
pesquisas, pesquisadores defendem que os primatas podem controlar seus
impulsos. Há quem vá ainda mais longe e defenda que eles têm capacidade de
imaginar o que outro animal está pensando.
Linguagem funcional
Tudo indica que, ao
contrário de nós, os animais usam a linguagem de forma apenas funcional, para
ajudar na busca por alimento, na reprodução ou na fuga de predadores. Mas as
pesquisas mais recentes indicam que esses sistemas de comunicação pode ser bem
mais desenvolvidos do que se pensava.
Cultura
Humanos, orangotangos
e chimpanzés sustentam tradições culturais, desenvolvidas de acordo com o local
e repassadas de geração em geração. Pesquisadores brasileiros desconfiam que
esse seja o caso dos macacos-prego. Entre os golfinhos-nariz-de-garrafa, as
mães ensinam os filhotes a caçar.
... E DUAS QUE CONTINUAM
FIRMES.
Linguagem artística
Até onde sabemos, até
hoje nenhum cachorro escreveu uma sinfonia, os orangotangos não conseguem
programar um computador e as abelhas são incapazes de fofocar. Além de muito
mais rica, a linguagem humana nos ajudou a criar a organização social mais
complexa de que se tem notícia.
Visão do futuro
Orangotangos e
macacos bonobos - e, desconfia-se, algumas espécies de aves – armazenam
alimentos para garantir que eles não faltem no futuro. Mas, até onde as
pesquisas alcançam, nem mesmo os grandes primatas pensam no futuro a longo
prazo. Só nós temos a capacidade de pensar na nossa própria morte.
Trauma de infância
O vilarejo de
Bunyaruguru, em Uganda, sempre conviveu bem com os elefantes. Mas, nos últimos
anos, o lugar começou a ser atacado por manadas enfurecidas. Casos parecidos
são reportados em toda a África e em algumas regiões da Índia. Ao avaliar o
fenômeno, dois grupos independentes de pesquisadores chegaram a conclusões
parecidas. Não se trata de busca por alimento. As agressões são uma reação à
morte de elefantes adultos. Nos últimos 30 anos, a caçada a elefantes aumentou
demais, e os elefantes órfãos cresceram muito mais agressivos do que seus pais.
“Esses animais que perderam as mães em caçadas são muito sensíveis e sofrem
estresse pós-traumático. Eles formaram gangues de adolescentes delinqüentes”,
explica o biólogo norueguês Joyce Poole, que coordenou o estudo na África.
"Somos animais"
Com o livro
Libertação Animal, de 1975, o filósofo australiano Peter Singer virou guru dos
movimentos mais radicais de defesa dos direitos dos animais. Singer, que está
com 59 anos e é professor de bioética em Princeton, falou a SAPIENS:
O que nos diferencia
dos animais?
Todos nós somos
animais. Podemos usar a linguagem de uma forma que nenhuma outra espécie faz,
mas as similaridades entre nós e o resto do mundo animal são muito maiores do
que as diferenças. Os grandes primatas são tão parecidos conosco, em termos
biológicos e psicológicos, que deveriam ter direito à vida e a não serem
agredidos sob nenhum pretexto. Na Espanha, um projeto de lei nesses termos já
está tramitando no Congresso.
Nós valemos o mesmo
que um rato?
Podemos dominar o
planeta, mas nunca deixamos de ser apenas uma espécie coexistindo com outras
milhares. Mas isso não significa que a vida de um rato vale tanto quanto a de
um homem. O indivíduo mais importante é aquele com maior capacidade de sentir
dor e com mais condições de pensar no futuro. Quem pensa na própria morte tem
mais a perder.
Não podemos matar os
animais?
Podemos, dependendo
da situação. Mais importante do que matá-los ou não é garantir que seus
direitos sejam respeitados em vida. Eles não podem sofrer, de forma alguma,
enquanto estão vivos. Mas, em sociedades em que os animais são a única
alternativa a morrer de fome, matá-los pode ser aceitável.
Nomes próprios
Para manter a
comunidade reunida no fundo do mar, os golfinhos usam assovios que incluem
informações repetidas. Já se sabia que cada indivíduo tem uma vocalização
única, e que eles são capazes de copiar os assovios dos outros, mas ninguém
tinha certeza da utilidade disso. Até que uma pesquisa com
golfinhos-nariz-de-garrafa da Flórida chegou à conclusão de que, quando
assoviam, os golfinhos estão chamando uns aos outros pelo nome. Para saber se
os animais se orientavam pela voz do parente ou se aquele conjunto de sons formava
uma palavra, os pesquisadores reproduziram os assovios mecanicamente. Quando o
código correspondia a um parente, os golfinhos se voltavam na direção dos
alto-falantes. É a primeira vez que o uso de nomes próprios é identificado em
animais não humanos. Os golfinhos dessa espécie também parecem ser capazes de
usar ferramentas e transmitir conhecimento.
Vale a pena ler
• A Vida dos Animais,
J.M. Coetzee, Companhia das Letras, São Paulo, 2003
• Do Animals Think?,
Clive Wynne, Princeton University Press, EUA, 2004
• A Expressão das
Emoções nos Homens e nos Animais, Charles Darwin, Companhia das Letras, São
Paulo, 2000
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Aprenda mais em:
Você deve escutar o Podcast sobre o assunto:
http://scienceblogs.com.br/dragoesdegaragem/2015/01/dragoes-de-garagem-45-design-inteligente/
+
https://www.youtube.com/watch?v=fZKgDtw9WkA&feature=youtu.be
+
Neil deGrasse Tyson: O Perímetro da Ignorância
[COMPLETO-LEGENDADO]
https://www.youtube.com/watch?v=fZKgDtw9WkA&feature=youtu.be
+
Neil deGrasse Tyson - O Perímetro da Ignorância
(LEGENDADO)
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Fonte:
Fonte:
http://super.abril.com.br/religiao/fundamentalismo-445747.shtml
http://www.mundoeducacao.com/historiageral/evolucionismo.htm
http://www.seuhistory.com/
http://seuhistory.com/noticias/mito-de-jesus-conheca-outros-deuses-que-tem-uma-historia-parecida-com-de-cristo
http://seuhistory.com/areas/templo-dos-deuses
https://netnature.wordpress.com/2015/01/22/na-idade-media-a-terra-era-plana/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_de_Hipona
http://www.nasa.gov/
http://www.nasa.gov/multimedia/nasatv/#.VME9lzHF98E
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http://www.brasilescola.com/fisica/galileu-ciencia-santa-inquisicao.htm
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http://www.suapesquisa.com/historia/inquisicao/
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https://www.youtube.com/watch?v=5MkyvJ_oM1M
https://www.youtube.com/watch?v=Z7vjBc0Gt-g
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