Batalha de Poitier e a invasão islâmica
Cristãos x Muçulmanos
A Batalha de Poitiers ocorrida em 732 ficou conhecida como um dos mais célebres conflitos que envolveram muçulmanos e cristãos. E isto pelo fato da batalha ter sido apresentada como a ação militar que conseguiu deter as tropas islâmicas de adentrarem ainda mais o continente europeu, após a rápida tomada da Península Ibérica.
A partir do Emirado de Córdoba, constituído após 711, as tropas islâmicas se expandiram por essa região europeia, conquistando terras, além de saquear e pilhar várias localidades pelas quais as tropas passavam. A força das tropas islâmicas residia no fato de ser formada principalmente por cavalaria, uma forma de organização bélica não muito utilizada pelas tropas europeias.
Os conflitos entre muçulmanos e francos haviam se intensificado em 722, quando as tropas comandadas pelo duque Eudes da Aquitânia conseguiram conter os islâmicos em Toulouse, após terem atravessado os Pirineus. Dez anos depois, a ameaça se fazia novamente presente, com a diferença de que o duque Eudes se sentia incapaz de enfrentar novamente a cavalaria dos mouros. A saída foi pedir auxílio militar a seu rival, Carlos, rei dos francos.
Comandados por Abd al-Rahman, emir de Córdoba, os islâmicos haviam já conquistado Avignon, Viviers, Valence, Vienne, Lyon e Bourdeaux, quando o exército liderado por Carlos se colocou em um sítio localizado entre Poitiers e Tours. Porém, o exército europeu era composto predominantemente pela infantaria, lutando em terra, em uma formação muito próxima à adotada pelos exércitos macedônios e romanos. A cavalaria utilizada pelos muçulmanos os havia colocado em vantagem anteriormente, o que acabou não ocorrendo na Batalha de Poitiers.
Estátua de Abd al-Rahman I, em Almuñécar, Espanha
Falanges formadas pelo exército de Carlos, dispostas em forma de quadrados e dotadas de escudos, machados, punhais e lanças, postaram-se em uma colina à espera do ataque das tropas de Abd al-Rahman. Durante dois ou sete dias (informações que diferem de acordo com a fonte, cristã ou islâmica), as tropas se enfrentaram em sangrentas batalhas, que foram vencidas pelos cristãos. A Batalha de Poitiers foi um dos raros conflitos em que uma infantaria venceu a cavalaria.
O golpe final dado pelos cristãos se deu depois que invadiram o acampamento dos muçulmanos e saquearam os tesouros que haviam pilhado durante as invasões às várias cidades francesas. A notícia de ataque ao acampamento levou à retirada de muitos cavaleiros islâmicos para salvar o seu butim. Na desorganização das tropas, Abd al-Rahman acabou se aproximando das linhas de defesa montadas por Carlos, sendo morto pela lança de um combatente. No dia seguinte, sem seu comandante e possivelmente sem parte dos tesouros pilhados, os muçulmanos recuaram, abandonando o local de batalha.
Carlos recebeu, após a batalha, a alcunha de Martel, significando “aquele que golpeia com um martelo”. Outra consequência da Batalha de Poitiers foi a expansão do império franco por Carlos Martel, conquistando a região dominada pelo duque da Aquitânia.
A Batalha de Poitiers ficou relegada à história como o momento de contenção da invasão islâmica na Europa, que colocava em risco a civilização cristã, que ainda não havia alcançado seu auge. Entretanto, novas incursões islâmicas ocorreram após este período, indicando que a construção dessa imagem de contenção da invasão pode ter sido feita com o objetivo de enaltecer as conquistas francas e contribuir com alguns elementos para a formação do nacionalismo francês.
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Porém há outra versão desse fato que diz:
A Batalha de Poitiers barrou uma invasão árabe.
FALSO!
A Batalha de Poitiers, travada em 732 entre o exército de Carlos Martel e os muçulmanos vindos do emirado de Córdoba, não teve grande importância no período. Na verdade, o rei dos francos simplesmente barrou uma incursão de pilhagem, e não uma invasão árabe. Na época, o embate só serviu de inspiração para cronistas carolíngios que buscavam exaltar a figura do avô de Carlos Magno.
Exatamente um século depois da morte de Maomé, o Islã havia se difundido como um rastilho de pólvora pela bacia do Mediterrâneo. Em 711, os muçulmanos entraram em terras europeias pela Espanha, onde fundaram o emirado de Córdoba, e, em seguida, atravessaram os Pireneus.
Nessa época, a colônia árabe da Septimânia, no sul do atual território francês, foi palco de uma revolta contra o poder central do emirado. Liderada pelo berbere Munuza, em aliança com o duque Eudes, da Aquitânia, a rebelião provocou a ira de Abd al-Rahman, emir de Córdoba, que em 732 lançou um assalto contra os insurgentes. As forças muçulmanas esmagaram o levante e, por cobiça, voltaram seus interesses para o santuário de São Martinho de Tours, que supostamente guardava grandes tesouros.
Diante dessa ameaça, Eudes foi obrigado a pedir auxílio a seu principal rival, o rei dos francos. Carlos Martel seguiu pelo caminho de Poitiers, juntou seu exército às tropas do duque e, em 19 de outubro de 732, organizou suas fileiras contra os árabes.
Na tarde de 25 de outubro, o primeiro dia do Ramadã, segundo as fontes islâmicas, o exército franco iniciou o combate. A batalha foi brutal e confusa, mas terminou com a morte de Abd al-Rahman e a fuga, no dia seguinte, das tropas enviadas por Córdoba.
Carlos não as perseguiu, aproveitando a vantagem para se apoderar do bispado de Loire e para saquear a região do Midi, no sul da França. Essa pilhagem lhe rendeu o cognome "Martel", que significa “aquele que golpeia como um martelo de guerra”.
A Batalha de Poitiers, portanto, não foi nada mais que uma etapa da tomada de poder por Carlos Martel, que buscava unicamente enfraquecer seu rival, o duque da Aquitânia. Uma evidência disso é o fato de que as incursões muçulmanas não se encerraram em 732: três anos depois, os árabes se apoderaram de Avignon e de Arles e saquearam a Borgonha. Esses ataques só acabaram definitivamente com a tomada de Barcelona por Carlos Magno, em 801.
Foi no século XIX que o embate ganhou maior importância. Os homens da época lançaram sobre Poitiers um olhar patriótico e colonialista, que exaltava a suposta superioridade do Ocidente sobre as populações muçulmanas e definiam os “grandes eventos” da história nacional francesa. Um dos responsáveis por essa releitura foi o rei Luís Filipe, que governou a França entre 1830 e 1848: o monarca transformou a batalha em ferramenta de propaganda de seu regime para justificar o início da conquista da Argélia.
http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/a_batalha_de_poitiers_barrou_uma_invasao_arabe__falso_.html
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