quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Porque Roma caiu?



Porque Roma caiu ? 




 

O melhor meio de se compreender a queda de Roma é saltar a primeira metade
de qualquer livro sobre o assunto. Sim, o passado e as tendências de longo prazo
são importantes: alguns historiadores vão tão longe no passado à procura da
causa, porém, que parecem afirmar que Roma estava caminhando para uma
queda inevitável desde que foi fundada. Quando comecei a pesquisar o assunto
para este capítulo, li a literatura existente e, zelosamente, anotei observações
sobre Valeriano, Marco Aurélio e Diocleciano antes de perceber que essas
figuras antecediam a queda de pelo menos dois séculos. Isso é como encontrar a
causa do colapso da União Soviética em algo feito por Catarina, a Grande.


Vamos começar estabelecendo regras de bom senso:

Uma explicação apropriada deve se aplicar ao século V, em vez de o fazer ao
século I, de modo que paganismo, gladiadores e Nero tocando harpa estão
claramente fora de cogitação. Como o império deixara há muito tempo de ser
governado pela cidade epônima, qualquer causa que esteja ligada demais a
Roma, tal como o envenenamento por chumbo do suprimento de água da cidade
ou a malária nos pântanos da Itália meridional, também teria valor duvidoso. Da
mesma forma, dizer que o império era grande demais não é um argumento
muito convincente, porque ele não era maior no século V do que era no começo.
Há cem anos, estavam muito em voga as teorias raciais sobre o colapso de
Roma, de que a mestiçagem enfraqueceu a raça e assim por diante, mas isso é
simplesmente projetar as preocupações de uma época de volta para outra, no
passado. Hoje em dia você pode ouvir explicações baseadas em mudanças
climáticas, doenças tropicais ou asteroides assassinos, porque essas são as coisas
que nos preocupam.

Qualquer coisa tendo a ver com redução da fertilidade ou degradação geral da
classe governante é duvidosa, porque o Império Romano não era uma monarquia
no sentido estrito, que passava de pai para filho e deste para o neto. Era mais uma
ditadura militar, na qual o poder era transmitido de um imperador morto para um
parente com experiência ou um colega respeitado. E Roma também não era
especialmente elitista. Quando houve escassez de patrícios romanos para levar
adiante o espetáculo, gente comum das províncias assumiu o poder.

Como aconteceu com os dinossauros, que se transformaram em pássaros,
alguns alegam que Roma nunca realmente “caiu”; ela simplesmente se
transformou em outra coisa.

A metade oriental sobreviveu mais mil anos, como o Império Bizantino, e governantes que se intitulavam “Césares” existiram até o século XX, embora com o nome de “kaisers” e “tzares”. E não devemos esquecer que o mais poderoso líder espiritual do mundo ainda supervisiona de Roma suas centenas de milhões de seguidores.



Falando Sério: Porque Roma caiu?
 

Talvez você fique desapontado ao saber que a maioria dos historiadores evita
explicações grandiosas, cósmicas, para a queda de Roma, oferecendo, em vez
disso, causas específicas, quase insignificantes, ou uma de cada vez ou em
diversas combinações.

A mais popular das explicações culpa o fracasso da liderança. Roma nunca
desenvolveu um sistema suave de passar o império de um imperador para o
seguinte, o que desencadeava uma pequena guerra civil quase toda vez que
morria o governante. Os imperadores não tinham qualquer legitimidade, a não
ser terem comandado o maior exército, e generais ambiciosos tinham pouca
lealdade pessoal para com seu soberano. Assim, quando surgia a crise, Roma via
sentada no trono uma série desafortunada de usurpadores, crianças e pesos leves,
que tinham mais medo de seus próprios exércitos do que dos bárbaros.

Segundo, a cavalaria tornou-se o principal meio de combater, mas Roma fora
construída e mantida pela infantaria.c Como Roma reagiu a essas novas táticas
de cavalaria alistando mercenários, em vez de treinar os romanos nativos para
lutar dessa maneira, o exército foi ficando cada vez menos comprometido com a
sobrevivência do império. O exército romano sempre tivera certo oportunismo
egoísta que levou a incontáveis golpes e motins, mas como o exército era
essencialmente romano, os soldados hesitavam em deixar a porta aberta para
uma invasão bárbara sem resistência. Os mercenários hunos e godos não tinham
esses escrúpulos.

Terceiro, a transferência da capital principal para Constantinopla aumentou o
controle romano no Oriente, mas também marginalizou o do Ocidente. Os
exércitos colocados convenientemente para proteger a nova capital não eram de
muita utilidade para proteger o Ocidente. Durante o pico do poder romano, os
exércitos guarnecendo as extensas fronteiras fluviais ao longo dos rios da Europa
central eram mantidos por impostos cobrados da sofisticada economia urbana do
Mediterrâneo oriental. Quando o império foi dividido em duas partes, oriental e
ocidental, o Oriente herdou a galinha dos ovos de ouro, e uma fronteira mais
curta, enquanto o Ocidente ficou com as despesas de guarnecer uma extensa
fronteira, com recursos provenientes de uma economia mais primitiva.

No final, o Ocidente viu-se simplesmente sem meios de se defender.

Quarto, a conversão ao cristianismo (depois de 313) criou divisões internas e
alienou os tradicionalistas pagãos. Quando o cargo de sumo sacerdote foi
separado do cargo de imperador, isso diluiu o apoio popular ao governo. O
imperador perdeu metade de sua legitimidade. As pessoas ficaram menos
inclinadas a cultuar César, uma vez que ele não era mais um deus vivo. Isso
também ajuda a explicar por que a China, onde o imperador manteve seu status
divino, foi por fim reconstituída como uma nação unificada.



O Quarto General


Se um homem fosse chamado a fixar um período da história do mundo no
qual a condição da raça humana foi mais feliz e próspera, ele indicaria,
sem hesitação, o tempo decorrido da morte de Domiciano até a ascensão
de Cômodo (96-180 d.C.). A vasta extensão do Império Romano era
governada por um poder absoluto, sob a orientação da virtude e da
sabedoria. Os exércitos foram contidos pela firme, mas suave mão de
quatro imperadores sucessivos, cujo caráter e autoridade impunham
respeito involuntário. As formas da administração civil foram
cuidadosamente preservadas por Nerva, Trajano, Adriano e pelos
Antoninos, que apreciavam a imagem da liberdade, e ficavam contentes
em se considerarem como pessoas responsáveis pela administração das
leis. Esses príncipes mereceram a honra de restaurar a república, tendo os
romanos de seus dias sido capazes de gozar de uma liberdade racional.

– Edward Gibbon, Declínio e queda do Império Romano


Declínio e queda do Império Romano, de Edward Gibbon, é amplamente
considerado o maior livro de história já escrito na língua inglesa. Isso aborrece os
modernos historiadores porque (1) hoje em dia eles sabem muito mais história do
que Gibbon sabia, e (2) eles têm inveja. Alguns têm criticado Gibbon por elogiar
tanto Roma, pois os romanos tinham guerras, analfabetismo, fome, doenças,
escravidão e reprimiam as mulheres. Bem, isso também acontecia na época em
que Gibbon escreveu (1776-88), de modo que “calem a boca”; ele tem razão.
Muitos campos da atividade humana não voltaram aos níveis da era romana
senão no século XIX.

O império criou uma paz real por toda uma enorme área, durante centenas de
anos. Meus cem mais sangrentos acontecimentos incluem sete conflitos ocorridos
na região do Mediterrâneo nos quatro séculos antes de Augusto, mas apenas um
durante os quatro séculos que se seguiram a seu governo.

Os historiadores costumavam considerar a queda de Roma uma profunda
falha geológica que dividia os mundos antigo e medieval, mas desde a década de
1970 os acadêmicos vêm experimentando um novo ponto de vista. Hoje em dia,
todo o período que vai de 200 a 800 d.C. é considerado um único período de
transição, chamado Antiguidade Tardia. Como parte disso, há também uma
tendência a diminuir a intensidade da violência associada às invasões bárbaras,
bem como a chamar esses povos de bárbaros. De fato, alguns estudiosos
argumentam que a queda do Império Romano do Ocidente, como um todo, é
enfatizada demais como um marco da história, e que as mudanças que varreram
a Europa foram mais decorrentes de imigrações pacíficas de tribos errantes, que
impuseram uma nova classe governante, mas que foram culturalmente
assimiladas em duas gerações.

Essa opinião é especialmente popular entre os ingleses, americanos e alemães,
pois eles são descendentes dos já mencionados bárbaros, que agora pareceriam
menos “bárbaros”. Num sentido mais geral, essa é apenas uma das mudanças de
direção que a historiografia, na qual antigos selvagens (vândalos, mongóis, zulus,
viquingues) são reabilitados, enquanto antigos exemplos de civilização (romanos,
britânicos) são denegridos. De vez em quando os estudiosos ficam cansados de
superestimar as épocas de ouro, e desenvolvem um renovado interesse pelas
antigas épocas das trevas. Isso acontece todo o tempo. Nunca é permanente, e
não devemos levar essa coisa muito a sério.

Sob esse novo paradigma, há também uma tendência a não fazer diferença
entre cada frente de tempestade que varreu uma civilização mediterrânea.
Sejam eles hunos, godos, ávaros, viquingues, magiares ou árabes, todos fazem
parte de uma mesma megatendência. Embora ajude a manter toda a matéria
dentro do contexto, isso obscurece o fato de que a queda de Roma no século V foi
um furacão.

A queda de Roma é, indiscutivelmente, o acontecimento geopolítico mais importante da história ocidental. Sem o esfacelamento do império, as populações romanizadas da Europa ocidental não teriam evoluído como identidades separadas. Em vez de franceses, espanhóis, italianos e portugueses, haveria apenas romanos nessas terras (falando algo muito semelhante ao italiano). 

Essa pátria neorromana poderia também ter incluído a Inglaterra, o norte da África e a margem sul do Danúbio, cujas populações romanizadas foram mais tarde
absorvidas, assimiladas e substituídas por invasores anglo-saxões, árabes e
eslavos. Imagine um único grupo étnico preenchendo todas as terras, desde
Liverpool até a Líbia, com 2 mil anos de história de unidade. Rivalizaria com a
China como o país mais antigo e mais populoso da Terra.
 



Livro Fonte:


 

sábado, 2 de agosto de 2014

Claude Monet


                                 

                                                                                     Claude Monet 




Oscar Claude Monet

                                                                                                                                                      (1840-1926)









                     
                                                                                                         Natureza morta com melão
                                                                                                                   
                                                                                                                      (1872)











                   
                                                                                           Madame Monet en costume japonais                                                                                                                   
                                                                                                                    (1875)








                                                                                                               Coin d'atelier                                                                                                                                   
                                                                                                                      (1861)










 Femme en blanc au jardin 

 (1867)








Impressão, nascer do sol

(1872)









Fonte: